A luta encarnada: corpo, poder e resistência nas obras de Foucault e Reich

Autores

André Valente de Barros Barreto
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo

Palavras-chave:

Corpo, Poder, Subjetividade, Foucault, Reich

Sinopse

Tendo em vista a crescente importância que o corpo vem assumindo no mundo contemporâneo, nosso objetivo nesta tese é problematizar a relação entre corpo e poder, tema ainda pouco explorado do ponto de vista da ciência política. Para isto, por meio de uma leitura e análise sistemáticas, trabalharemos prioritariamente com a obra de Michel Foucault, autor que se destaca pelo pioneirismo em mostrar que o corpo está no centro das relações de poder. Não obstante represente uma importante contribuição para o assunto, a obra de Foucault apresenta alguns problemas, dentre os quais destacamos a adoção de uma concepção de corpo excessivamente abstrata. Ecoando a difícil relação que as ciências humanas têm mantido com o corpo na modernidade, seja simplesmente ignorando-o, seja considerando-o tão somente como objeto simbólico, Foucault termina por destituir o corpo de seus traços biológicos, corpo que, quando assume sua materialidade, o faz sob um prisma eminentemente mecanicista. Julgamos que esta noção de corpo desvitaliza o sujeito e enfraquece a própria ideia de resistência que o filósofo francês sustenta em seu trabalho, razão pela qual, propomos, por meio do diálogo interdisciplinar, a adoção de uma outra noção de corpo. É na obra de Wilhelm Reich, bem como de alguns biólogos e neurobiólogos contemporâneos, que vamos buscar os elementos para pensar o corpo não como um mero agregado de partes inertes e manipuláveis, como propõe o saber biomédico, mas como uma materialidade especial, viva e dinâmica, que remete a um longo processo evolutivo, e que ocupa um lugar central na nossa vida dita superior. Nossa hipótese é a de que este corpo vivo, capaz de contemplar tanto os aspectos simbólicos e sociais quanto os aspectos materiais e biológicos, pode potencializar a ideia de resistência em Foucault, tornando o trabalho de constituição de si mais eficiente em sua tarefa de elaborar modos de subjetivação capazes de escapar aos modernos mecanismos de poder: o corpo como importante aliado na luta contra as formas de assujeitamento.

Biografia do Autor

André Valente de Barros Barreto, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo

Doutorado em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). Mestrado em Ciência Política pela Universidade Estadual de Campinas (PUCCamp). Graduação em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

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28 outubro 2021

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