O Nascimento da Nação: como o liberalismo produziu o protofascismo brasileiro (Volume II)
Palavras-chave:
capitalismo, escravismo, liberalismo, conservadorismoSinopse
Este livro se dedica a tentar responder tais indagações, sem a pretensão de esgotar todas as possibilidades. O livro procurou posicionar o bolsonarismo historicamente, sem considerá-lo um acidente (o incômodo inicial) ou uma mera reprodução do que seria o brasileiro médio, em mais uma racialização apriorística e atemporal que a elite intelectual faz dos brasileiros na qual inclui tudo o que não gosta em contraposição à idealização positiva, indulgente e aduladora, que faz de si mesma, aproximando-se do tipo ideal europeizado. Defende-se ser possível e plausível relacionar o bolsonarismo com outros movimentos conservadores e/ou protofascistas de outros períodos, cuja legitimidade na sociedade passa pela velha aliança entre liberais, conservadores, ideário protofascista e movimento fascista. Sobre os dois últimos, os liberais os enxergam como um ente familiar fundamental para o expurgo de movimentos contrários à estrutura da acumulação de capitais e à execução de políticas que favoreçam frações hegemônicas, especialmente após algum golpe institucional cujas regras normativas quebradas sobre a normalidade democrática foram criadas
pela mesma elite intelectual e política.
O resultado é simples e está no título: o liberalismo produziu a ascensão do movimento protofascista contemporâneo, o bolsonarismo. Não foi acidente. A questão é revelar o como e os porquês da relação entre liberalismo e protofascismo, assim como os motivos pelos
quais parte dos liberais pula ou tenta pular para fora do barco em um determinado momento da relação. Somente é possível compreender o bolsonarismo se mergulharmos fundo nas raízes históricas da formação do Estado-Nação e dos mecanismos de poder que controlam a relação entre capital e trabalho. Nas raízes, na ontologia, estão as razões do movimento pendular da classe dominante e da classe média tradicional sobre o protofascismo e a democracia republicana. Ao mesmo tempo, e principalmente, o bolsonarismo nos permite revisitar a história do Brasil, compreendendo-a à luz de um processo histórico politicamente coerente de formação e consolidação da classe dominante e de seus mecanismos de poder. Como disse Marx, não é o macaco a chave de compreensão do homem, mas é o homem que é a
chave para a compreensão do macaco.
O livro está dividido em dois volumes: A Chocadeira da Serpente e O Ovo e a Serpente (respectivamente volumes I e II). O primeiro
volume refere-se ao processo de acumulação primitiva de capitais, deduzindo-se que toda a acumulação primitiva de capitais vem acompanhada por uma acumulação primitiva de poder. Caso contrário, a classe dominante forjada na acumulação primitiva não consolidaria politicamente as relações econômicas. Nesse sentido, o escravagismo, especialmente no estado de São Paulo, último estado a abandonar a comercialização e a utilização de africanos, explica, em boa parte, a ascensão e a projeção nacional de sua burguesia agrária e industrial ao longo do século XX. São Paulo não seria um polo do capital industrial sem a utilização, até o último momento e a última gota de sangue, dos escravizados e do capital produzido por eles no ciclo do café.
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